quarta-feira, 31 de maio de 2023

A arte dos tapetes de flores em Ceira dos Vales

 Em Ceira dos Vales, uma pequena localidade pitoresca pertencente à Lousã, os habitantes têm uma tradição que floresce a cada ano: tecer tapetes de flores para celebrar a procissão das velas em honra da Nossa Senhora de Fátima. É um hábito que se renova e enche de cor e perfume as ruas da comunidade, dando as boas-vindas a esta importante manifestação de fé.

 A preparação para este evento especial começa muito antes da procissão. Depois de uma árdua semana de preparativos, cada morador, com amor e dedicação, embeleza a área ao redor da sua casa, assim como as casas dos seus familiares, com uma miríade de deslumbrantes flores. É um espetáculo de criatividade e união, onde as habilidades artísticas e o amor pela Natureza se encontram.

 Os tapetes de flores são compostos por uma variedade de espécies florais, cuidadosamente selecionadas para criar composições visuais ricas. Rosas vibrantes, margaridas delicadas e outras flores típicas da região são colhidas com carinho e dispostas em desenhos intricados que cobrem as ruas da aldeia. Cada pétala é um pincel de cor que transforma a estrada numa verdadeira obra de arte efémera.

 A tradição dos tapetes de flores em Ceira dos Vales transcende a mera estética. É uma forma de expressão cultural, devoção religiosa e união comunitária. Os moradores dedicam horas preciosas para a preparação, trabalhando em conjunto para criar algo verdadeiramente especial. A cooperação e a partilha de conhecimentos entre gerações são fundamentais para garantir a preservação desta arte ancestral.

 Quando a procissão das velas finalmente chega, as ruas transformam-se num caminho de cores e aromas que guiam os fiéis na sua jornada espiritual. Cada passo é acompanhado por uma explosão de fragrâncias e um espetáculo visual ímpar. É uma experiência sensorial única, onde a fé se entrelaça com a beleza da Natureza, que deixa uma marca indelével nos corações daqueles que participam.

 A tradição dos tapetes de flores de Ceira dos Vales é um testemunho vivo da união entre arte, fé e comunidade. Esta fascinante manifestação cultural e religiosa resplandece ao longo da procissão das velas enquanto envolve os participantes numa atmosfera de beleza e espiritualidade. É um exemplo de como um lugar tão diminuto pode possuir um encanto tão profundo.

Afonso da Costa

Utilização dos rendimentos: poupança e consumo

 A utilização dos rendimentos define-se como a forma que as famílias repartem o seu rendimento disponível, em consumo ou poupança. O consumo é uma atividade económica que se pode definir pela aquisição de bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades duma família. Uma parte significativa do rendimento das famílias vai ser usada para o consumo.

 São exemplos de fatores que influenciam o consumo o preço dos bens, o rendimento dos consumidores, a inovação tecnológica, a moda, a tradição e a publicidade.

 A poupança corresponde à parte do rendimento disponível das famílias que não é gasto em despesas de consumo. As famílias preocupam-se com a possibilidade de ocorrerem imprevistos, tais como: doença, gastos futuros, desemprego,… por isso deixam algum dinheiro de lado todos os meses para estarem preparadas caso alguma coisa aconteça.

 Poupança = Rendimento disponível - Despesas de consumo

 Alguns dos fatores que influencia a poupança são o rendimento, os preços, a estrutura etária e a inflação.

 O consumo e a poupança variam numa razão inversa, já que, quando o consumo aumenta, a poupança diminui e, quando a poupança aumenta, o consumo diminui. São conceitos que estão inteiramente interligados.

 O consumo é um fator que depende do rendimento. Existe a tendência de aumentar o consumo quando o rendimento aumenta, já que o salário nominal é maior.

Maria Ana Rodrigues

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Paradoxo da poupança

 A questão do paradoxo da poupança proporciona interessante debates sobre os efeitos da poupança na economia de um país. Tradicionalmente, a poupança é vista como uma prática positiva e responsável, mas o paradoxo da poupança destaca um aspeto contraditório deste conceito.

 Segundo o renomado economista John Maynard Keynes, o aumento da poupança por parte dos indivíduos pode levar a uma diminuição na procura agregada, o que, por sua vez, pode resultar numa redução da atividade económica. Esse fenómeno ocorre devido à ligação entre o rendimento dos indivíduos e os gastos em bens e serviços. Quando as pessoas decidem poupar mais, a procura agregada diminui, o que pode levar a uma redução na produção e no emprego.

 O paradoxo da poupança tem implicações significativas para a economia de um país. Se todos os indivíduos reduzem os seus gastos e aumentam as suas taxas de poupança, diminuindo o consumo, as empresas sofrem uma queda na procura dos seus produtos e serviços, resultando em lucros muito mais baixos. Isto causará demissões, reduzirá os investimentos e afetará substancialmente o PIB. Se as famílias continuarem a poupar, irá formar-se um ciclo vicioso.

 É importante destacar que a poupança desempenha um papel fundamental na economia. É necessária para financiar investimentos, incentivar a acumulação de capital e garantir a estabilidade financeira. No entanto, é necessário encontrar um equilíbrio adequado entre poupança e o consumo, para evitar os efeitos negativos do excesso de poupança.

Afonso da Costa

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Salário indexado à taxa de inflação

 Quando as pessoas experienciam grandes variações da inflação, elas dinamizam-se e tomam medidas para se protegerem contra a acentuada subida ou descida dos preços. Uma destas medidas é a indexação dos salários à taxa de inflação, ajustando o valor do mesmo, automaticamente, à evolução da inflação.

 Recorre-se a esta medida porque, se ocorrer um agravamento da inflação e o salário nominal permanecer igual, o salário real vai diminuir, visto que o valor da moeda desvalorizou, diminuindo consigo o poder de compra.

 Acontece que, se o contrato de trabalho incluir uma cláusula de indexação, o salário nominal vai variar na mesma proporção da inflação, mantendo o poder de compra constante.

Afonso da Costa

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Variação da taxa de crescimento do PIB "per capita" de Portugal

 A taxa de variação do PIB per capita de Portugal tem vindo a diminuir desde a década de 70.

 Se visualizarmos o crescimento médio anual per capita da economia portuguesa de cada década (1920-2020), é possível verificar que o novo milénio está destacado pela negativa. O século XX, principalmente a segunda metade, impulsionou a economia portuguesa, visto que Portugal aderiu à AECL e à CEE. Nestes cem anos, verifica-se o apogeu na década de 60, tendo o PIB crescido em média 6%. Desde então, a taxa de crescimento tem vindo a diminuir, fixando-se em 0,1% na última década (valor influenciado pela pandemia; 0,9% de 2010-2019). Estes valores demonstram uma enorme estagnação na economia portuguesa.

Afonso da Costa


domingo, 14 de maio de 2023

Arredamento coercivo: justo ou injusto?

Afonso da Costa 15/05/2023

 A problemática da habitação é uma das principais preocupações das sociedades modernas, especialmente nas grandes cidades onde o acesso a alojamento pode ser escasso e dispendioso. Em Portugal, o Governo tem adotado medidas para fazer frente a este problema, incluindo a imposição do arrendamento obrigatório de imóveis devolutos, medida que será implementada brevemente. Contudo, esta ação tem suscitado debates acalorados e controversos, levantando questões acerca do papel do Estado na propriedade privada e a efetividade da medida em si. Neste ensaio, irei analisar esta questão do ponto de vista filosófico e jurídico, procurando avaliar até que ponto o Estado pode interferir na propriedade privada sem violar os direitos dos cidadãos.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Curva de Lorenz e índice/coeficiente de Gini

 A desigualdade social é uma questão complexa e relevante em qualquer sociedade. Para avaliar e mensurar essa desigualdade, dois indicadores são frequentemente utilizados: a curva de Lorenz e o Índice de Gini.

 Apadrinhada de curva de Lorenz, já que foi criada pelo economista  é um gráfico que representa a distribuição acumulada da renda ou riqueza em uma determinada população. Relaciona a percentagem acumulada da população de um determinado país (eixo das abcissas) com a percentagem acumulada do rendimento que recebe (eixo das ordenadas). Se a curva coincide com a reta de equidistribuição, significa que a distribuição dos rendimentos é perfeitamente igualitária. No entanto, quanto mais afastada está a curva da reta, maior é a desigualdade na distribuição dos rendimentos.

  Ordenando os agregados familiares dos mais pobres para os mais ricos, se a 10% da população correspondesse 10% da receita, se a 20% da população correspondesse 20% da receita, e por daí a diante, então o rendimento estaria equitativamente distribuído.


Gráfico - "Desigualdade económica em Portugal", da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

 O coeficiente ou índice de Gini é um indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que procura sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição. Este assume valores entre 0 ou 0% (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 1 ou 100% (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo).

 Gráfico - Pordata.

 Afonso da Costa

terça-feira, 9 de maio de 2023

Será democrático proibir partidos antidemocrático?

Afonso da Costa 09/05/2023

 O populismo e os extremismos são duas das maiores ameaças às democracias. Em Portugal, existem partidos de extrema-esquerda e direita antidemocráticos. Com isto surge a questão: “Será democrático proibir partidos antidemocrático?”.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

IVA Zero: sucesso ou fracasso?

 

 Passaram-se duas semanas desde a entrada em vigor da medida que isentaria quarenta e quatros bens essenciais de IVA. Fomos para o terreno e analisámos os preços antes e depois da proposta do Governo, com o intuito de verificar se os produtos estão, realmente, mais baratos.