quarta-feira, 29 de março de 2023

Portugal e as "cunhas"

 Um estudo da Transparency International revelou que Portugal é o segundo país da UE onde mais se recorre a "cunhas" e trocas de favores pessoais no acesso a serviços públicos.

 Apesar de medir corrupção ser uma tarefa bastante difícil, foi feito um estudo onde se mediu a percentagem de pessoas que recorreram a "cunhas" e "favores pessoais" para facilitar o acesso a serviços públicos no último ano, onde Portugal ficou na segunda pior posição, com 48%. O pior país foi a Chéquia, com 57%. A média da UE é de 33%. Já nas melhores posições temos a Estónia (12%), a Eslovénia (18%) e a Finlândia (19%).


Afonso da Costa

Os jovens e a economia

 O papel da economia na vida dos jovens é um tema de grande importância nos dias de hoje. Embora seja um campo complexo e multifacetado, é vital compreender o seu papel no futuro das gerações mais jovens. A economia influencia diversos aspetos da vida dos jovens, desde a empregabilidade e o acesso à educação, até a sua capacidade de adquirir bens e serviços essenciais. Por isso, é fundamental analisar de que forma a economia pode ser utilizada para melhorar as oportunidades e o bem-estar dos jovens.

 Os jovens são a força motriz do futuro. Eles representam uma fonte inesgotável de energia e inovação, com ideias frescas e uma abordagem diferente das gerações anteriores. No entanto, em muitos países, a juventude enfrenta uma economia instável e em constante mudança, com altas taxas de desemprego, precariedade laboral e poucas oportunidades de progresso.

  A Fundação Francisco Manuel dos Santos realizou um estudo sobre este tema, onde mostra quem são os jovens portugueses, o que sentem, o que pensam e que hábitos têm. Foram inquiridos 2,2 milhões de jovens entre 15 e 34 anos e obteve números muito interessantes; resultados esses que dividi por categorias.

Empregabilidade:

  •  77% dos jovens querem ir para o universidade ter melhores empregos e melhores salários. Muitos não vão, ou por questões monetárias ou porque preferem trabalhar;
  • 30% dos jovens recebem entre 601 a 767 euros por mês, apenas 5% recebe entre 1159 a 1375 euros e 3% deles recebe mais de 1642 euros;
  • 49 % dos jovens têm contrato efetivo, 24% a termo certo, 12% a termo incerto e 15% têm outros;

Hegemonia:

  • 57% dos jovens vive com os pais, 29% com companheiro, 9% com outros e 5% deles vivem sozinhos.
Razões que levam os jovens a permanecer em casa dos pais:
  • 58% por instabilidade económica;
  • 10% sentem-se bem;
  • 7% cuidam do pai e da mãe;
  • 6% estão à espera de uma companhia estável;
  • 6% por instabilidade económica do companheiro.

Hábitos dos jovens:

  • 16% dos jovens têm filhos;
  • 4% dos jovens não têm amigos;
  • 96% variam entre 1 a 6 amigos;
  • 74% bebem álcool;
  • 24% fumam tabaco;
  • 14% usam drogas;
  • 23% já pensaram em suicidar-se;
  • 87% dos jovens têm posição politica.

 Em outros estudos, pode-se constatar que a maioria dos jovens que saem de Portugal, já que estavam desempregados ou num subemprego, emprega-se na área que realmente estudou e consegue um muito melhor salário. Somos o país da União Europeia com mais emigrantes, em relação população residente. De 2001 a 2011 a emigração qualificada aumentou 88%. Dos jovens que emigraram, 52% não pretende voltar, claramente porque conseguem ter uma vida mais estável nos país que foram habitar.

 Com a saída dos jovens para o estrangeiro, Portugal perde o investimento que fez na formação dos jovens e, claro, o que iria recuperar com eles ao longo da sua vida ativa, com os seus impostos. A saída destes 146 mil jovens causou 8,8 mil milhões de euros de prejuízo (10 anos do investimento público feito por universidades e institutos politécnicos). O capital humano vai ser oferecido aos países que os recebem a custo 0, ou seja, sem terem investido nada na pessoa em questão.

Afonso Amaro

terça-feira, 28 de março de 2023

Conheça os 44 produtos isentos de IVA

 Foi anunciada ontem por António Costa a lista dos produtos com IVA de 0%. Neste cabaz estão presentes 44 bens, considerados essenciais, cuja isenção entrará em vigor no mês de abril.

 Ei-la:

  1. Cereais, derivados e tubérculos:


    • Pão;
    • Batata;
    • Massa;
    • Arroz.

  2. Frutas:

    • Maçã;
    • Banana;
    • Laranja;
    • Pera;
    • Melão.

  3. Laticínios:

    • Leite de vaca;
    • Iogurtes;
    • Queijo.

  4. Gorduras e óleos:

    • Azeite;
    • Óleos vegetais;
    • Manteiga.

  5. Leguminosas:

    • Feijão vermelho;
    • Feijão frade;
    • Grão-de-bico;
    • Ervilhas.

  6. Carne, peixe e ovos:

    • Carne de porco;
    • Frango;
    • Carne de peru;
    • Carne de vaca;
    • Bacalhau;
    • Sardinha;
    • Pescada;
    • Carapau;
    • Dourada;
    • Cavala;
    • Conserva de atum;
    • Ovos de galinha.

  7. Hortícolas:

    • Cebola;
    • Tomate;
    • Couve-flor;
    • Alface;
    • Brócolos;
    • Cenoura;
    • Curgete;
    • Alho francês;
    • Abóbora;
    • Grelos;
    • Couve portuguesa;
    • Espinafres;
    • Nabo.
Afonso da Costa

quinta-feira, 23 de março de 2023

Reduflação, o fenómeno que está a afetar Portugal

 Já lhe ocorreu a ideia de que o chocolate em pó que habitualmente utiliza em casa para preparar o seu leite quente parece estar a acabar mais rapidamente? Esta suspeita poderá não ser apenas uma mera impressão sua. Algumas marcas reduziram mesmo a quantidade de produto nas suas embalagens, fazendo com que o consumidor pague o mesmo, ou até mais caro, por uma menor quantidade de produto. Embora esta prática não se enquadre no conceito de fraude, é necessário que a mesma seja claramente comunicada aos consumidores.

 Esta tendência é conhecida como "reduflação", um processo que ocorre quando os produtos diminuem em tamanho ou quantidade, mas o seu preço permanece inalterado ou até mesmo aumenta. Este fenómeno é uma consequência do aumento geral dos preços dos bens, causado por diversos fatores, como a perda do poder de compra da moeda e a redução do poder de compra dos consumidores. Desde 23 de fevereiro de 2022 até 1 de março de 2023, o preço de um cabaz de bens alimentares essenciais já aumentou mais de 46 euros (cerca de 25%). Em relação a alguns produtos alimentares, o aumento de preços ultrapassou já os 100% durante o mesmo período, o que evidencia claramente uma subida na taxa de inflação nos últimos meses. Em fevereiro de 2022, a inflação em Portugal chegou mesmo aos 8,2%, segundo o INE.

 Os consumidores têm sido, como em todas a crises, os primeiros a sentir o impacto das mudanças do preço na carteira. Contudo, nem sempre é fácil identificar o aumento generalizado de preços, que pode ser ainda mais significativo do que o que é visível para os consumidores. Algumas marcas estão a reduzir o tamanho das suas embalagens e a cobrar o mesmo, ou até mais, por uma menor quantidade de produto. Nos últimos tempos têm surgido muitos exemplos desta prática no comércio em Portugal.


 Um dos exemplos foi o da Planta, creme para barrar. A 1 de março de 2022, ainda com uma embalagem de 450 gramas, este produto custava 3,19 euros nas lojas Auchan, Continente e Minipreço. No Pingo Doce estava à venda por 2,39 euros.


 A 1 de novembro de 2022, a embalagem tinha já menos 50 gramas e estava mais cara. Nas lojas Auchan, Continente e Minipreço, uma embalagem de Planta Original Creme para Barrar de 400 gramas custava 3,49 euros, o que se traduz numa subida real de 23,2% face a 1 de março de 2022. No Pingo Doce, a 1 de novembro, o preço estava em 2,79 euros, o que, na realidade, corresponde a 31,38% de aumento em relação a 1 de março do mesmo ano. 


 O Nesquik Achocolatado em pó é outro exemplo. Este produto tinha, a 1 de março de 2022, uma embalagem de 400 gramas que custava 2,29 euros nas lojas Continente, Minipreço e Pingo Doce. Na loja Auchan este produto era vendido, nesta data, por 3,09 euros.

 A 1 de novembro de 2022, porém, as embalagens de Nesquik Achocolatado em pó já tinham 390 gramas, ou seja, menos 10 gramas do que anteriormente, e estavam mais caras. No início de novembro de 2022, nas lojas Auchan e Continente, este produto estava à venda por 3,29 euros. No Minipreço 2,74 euros e no Pingo Doce 2,29 euros. Na prática, estes preços representam uma subida de 2,62% no Pingo Doce, de 9,06% no Auchan, de 22,71% no Minipreço e de 47,16% no Continente, em comparação com os preços praticados a 1 de março de 2022.

Imagens: DECO

Joana Quatorze

quarta-feira, 22 de março de 2023

Ações, obrigações e títulos de participação

 No artigo anterior, que trata o financiamento, é possível observar que os produtos cotados na bolsa são ações, obrigações, títulos de participação e outros.

 Ações

 As ações correspondem a títulos de propriedade representativos do capital social das sociedades anónimas, podendo ser emitidos aquando da sua constituição ou posteriormente, quando realizam um aumento do seu capital. O titular de ações torna-se proprietários de uma parte do capital da empresa.

Obrigações

 As obrigações são títulos de crédito a longo prazo representativos de um empréstimo a uma empresa. O detentor tem o direito a receber uma remuneração estabelecida no início do contrato, assim como o reembolso da totalidade do empréstimo que concedeu, no prazo definido no contrato.

Títulos de participação

 Os títulos de participação são valores mobiliários, tendencialmente perpétuos, que conferem o direito a uma remuneração com duas componentes: uma fixa e outra variável. Tanto a remuneração fixa como a variável são determinadas sobre uma percentagem do valor nominal do título de participação.

Henrique Santos

terça-feira, 21 de março de 2023

Financiamento

 Os agentes económicos, para realizarem investimentos, necessitam de recursos financeiros. A poupança das empresas ou do Estado pode funcionar como um recurso financeiro. Quando o agente económico tem uma poupança superior ao montante do investimento, tratando-se de capacidade de financiamento. Porém, quando os investimentos são superiores ao valor das suas poupanças existe a necessidade de financiamento. O financiamento pode ser interno ou externo.

Financiamento interno

 Quando os agentes económicos têm capacidade de financiamento e decidem investir utilizando fundos próprios ocorre um financiamento interno, podendo também chamar-se também de autofinanciamento.

Financiamento externo

 Ocorre quando o agente económico recorre a recursos alheios para aplicar na atividade económica. Existem diferentes tipos de recursos alheios. O financiamento externo pode ser indireto ou direto.

Financiamento externo indireto

 Os agentes económicos, que necessitam de obter recursos financeiro recorrem a intermediários financeiros, como por exemplo, os bancos (crédito bancário). Estas instituições recolhem os recursos entre os agentes que têm excedentes, através dos depósitos, e concedem empréstimos aos que deles necessitam, ou seja, concedem crédito às famílias, às empresas e ao Estado. Pela concessão desses créditos, cobram-se juros de acordo com o risco de investimento e com o número de anos de utilização do empréstimo e a taxa de juros.

Taxas de juro e uso do crédito

Taxas de juro baixas - Desincentivam a poupança, havendo uma tendência para aumentar o consumo das famílias, com recurso ao crédito, e para aumentar o investimento pelas empresas;

Taxas de juro elevadas - Incentivam a poupança, havendo geralmente uma redução no consumo, a crédito, das famílias e no investimento dos restantes agentes económicos;

Uso do crédito pelas famílias - As famílias, geralmente, recorrem ao crédito para aquisição de bens de consumo – crédito ao consumo;

Uso do crédito pelas empresas - As empresas contraem créditos para manter, ampliar ou modernizar a sua capacidade de produção – crédito à produção.

Financiamento externo direto

 O mercado de títulos é onde se transacionam valores mobiliários, ou seja, documentos ou títulos que confirmam que o seu proprietário é titular de um direito, representando um certo valor sobre uma entidade pública ou privada. Uma das suas principais funções é possibilitar que as empresas ou outras emissoras de valores mobiliários captem recursos diretamente do público investidor em condições mais vantajosas do que as oferecidas pelos empréstimos e financiamentos bancários. O mercado de títulos integra mercados mais especializados, nomeadamente, o mercado primário e o mercado secundário.

Mercado primário

 No mercado primário, são transacionados os títulos que iniciam a sua circulação, isto é, títulos que vão ser negociados pela primeira vez. Constitui uma forma de financiamento externo direto, visto que as empresas obtêm-nos sem recurso a intermediários ou a meios financeiros para investirem nas suas atividades.

Mercado secundário

 No mercado secundário, são transacionados os títulos após a sua emissão. Os investidores negoceiam e trocam entre si os valores mobiliários emitidos pelas empresas, sem qualquer participação das empresas nessas trocas, dando assim liquidez aos títulos emitidos no mercado primário.

Bolsa de Valores

 Em Portugal, o mercado secundário corresponde atualmente à Bolsa de Valores de Lisboa. A bolsa de valores é o lugar de encontro dos proprietários de títulos já emitidos e dos investidores que desejam adquirir esses títulos, ou seja, é aí que se irá efetuar o encontro entre a procura e a oferta de valores mobiliários. A cotação dos títulos, ou seja  (preço) varia de acordo com a oferta e a procura. As oscilações das cotações dos diferentes produtos financeiros podem ser quantificadas através de um índice. Estes produtos cotados em bolsa são vários, como, ações, obrigações, títulos de participação, entre outros.

Henrique Santos

domingo, 19 de março de 2023

O que é o IRS?

 O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) é um imposto aplicável tanto ao rendimento de cidadãos residentes em Portugal como aos não residentes que obtêm rendimento no país.

 A taxa de imposto a ser aplicada depende do rendimento auferido, considerando o escalão a que pertence e as deduções previstas por lei, como as despesas de saúde ou educação.

 Antes de se entregar a declaração de IRS, as pessoas têm de se certificar que todas as informações relativamente à sua realidade atual estão corretamente comunicadas no site da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), a entidade responsável pelas finanças e pelo processamento do IRS. Isto aplica-se especialmente à comunicação da sua morada fiscal, o endereço considerado como a sua residência oficial. Ter a morada fiscal atualizada é não só obrigatória por lei, como muito importante: para obter benefícios fiscais (por exemplo, a isenção de Imposto Municipal Sobre Imóveis) e evitar possíveis penalizações (isto são multas que podem chegar a 375 euros).

 Residentes fiscais são aqueles que estão a pensar viver ou trabalhar em Portugal. Estes têm de permanecer mais de 183 dias, seguidos ou não, num período de 12 meses com início ou fim no ano em que pede a morada fiscal e ter uma habitação (própria ou arrendada), bem como de intenção atual de a manter e ocupar como residência habitual.

 Por norma, a declaração é entregue online no Portal das Finanças (AT), entre abril e junho, mas, se precisar de ajuda, pode ir a um Espaço Cidadão, balcão das Finanças ou a uma Junta de Freguesia que dê apoio.

Eduardo Almeida

Morreu Rui Nabeiro

Faleceu hoje o empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro, aos 91 anos, vitima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa.

 Condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique em 2006, o antigo fundador da Delta Cafés teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de Campo Maior.

 "É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés", lê-se no comunicado do Grupo Nabeiro. 

 Nabeiro encontrava-se hospitalizado devido a problemas respiratórios. E foi assim, hospitalizado, que acabou por falecer, no Hospital da Luz, em Lisboa, já com os seus 91 anos completados.

 Pode ler a sua biografia aqui.

Imagem: Wikipédia

Afonso da Costa

Quem é Rui Nabeiro?

 Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em Campo Maior, Portugal, em 1931, e faleceu hoje, 19 de março de 2023. Ele é conhecido por ser o fundador da Delta Cafés, uma das maiores empresas portuguesas de café.

 Rui nasceu no seio de uma família humilde. Começou a mostrar-se empreendedor ao ir trabalhar na mercearia da mãe. Aos 12 anos, ia ajudar o pai e os tios a torrar café. começou a trabalhar na fábrica de torrefação de café do seu tio. Após a morte do seu pai, assumiu a direção da Torrefacção Camelo, Lda..

 Em 1961, já com 30 anos, fundou a Delta Cafés, cujos produtos rapidamente se espalharam por todo o país. Rui Nabeiro fundou a Novadelta em 1982 e, em 1984, criou a maior fábrica de torrefação da Península Ibérica. O Grupo Nabeiro - Delta Cafés surgiu em 1988 e, atualmente, possui mais de vinte empresas, que abrangem áreas como a alimentação, imobiliário, agricultura, turismo, educação,...

 O comendador Rui Nabeiro sempre defendeu a qualidade do produto e a importância de uma boa relação com os produtores de café. A empresa tem investido fortemente em tecnologia e inovação, sendo uma das primeiras empresas portuguesas a apostar na produção de cápsulas de café.

 Para além da Delta Cafés, Rui Nabeiro também tem sido um importante mecenas da cultura e do desporto em Portugal, apoiando várias iniciativas nas áreas da música, teatro e desporto.

 Rui teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de Campo Maior, tronando-o uma zona atrativa. Foi, antes do 25 de Abril, duas vezes nomeado presidente da Câmara da região, tendo apenas governado um ano. Em 1977, foi eleito democraticamente, mais uma vez presidente da Câmara Municipal de Campo Maior pelo Partido Socialista, onde exerceu o cargo até 1986, ano em que fugiu para Espanha após ser acusado pelo Ministério Público de fraude fiscal e associação criminosa.

 No ano de 1981, as autoridades aduaneiras detetaram que a empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Lda., pertencente a Rui Nabeiro que, na época era presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e do Sporting Clube Campomaiorense, não havia efetuado o pagamento da taxa de importação relativa a um lote de café importado dos Países Baixos destinado à Delta Cafés, no valor de 510 mil contos (2,55 milhões de euros). O caso foi levado a julgamento em abril de 1982 e, em 1984, o despachante contratado pela empresa foi condenado a cinco anos de prisão. A empresa de Rui Nabeiro alegou que não poderia ser responsabilizada pelos atos do despachante, mas o tribunal considerou que não se encontrava isenta de responsabilidade, pois o dinheiro em falta não havia sido pago ao Estado. A empresa recorreu da sentença, mas o tribunal de segunda instância condenou-a ao pagamento de 500 mil contos (2,5 milhões de euros) ao Estado. A empresa recorreu novamente para o Supremo Tribunal Administrativo em dezembro de 1984.

 Em 1986, Rui Nabeiro e o seu filho João tinham mandados de captura emitidos pela Polícia Judiciária, após a descoberta de cheques em nome do despachante, que estava a cumprir pena de prisão, indicando a existência de cumplicidade entre os três. Rui Nabeiro foi acusado de fraude fiscal no valor superior a 516 mil contos e os três foram pronunciados pelos crimes de fraude fiscal e associação criminosa. Rui Nabeiro suspendeu o mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e fugiu para Badajoz em abril de 1986, onde só poderia ser detido caso Portugal solicitasse a sua extradição a Espanha. Rui Nabeiro aguardou julgamento em liberdade provisória sob caução. Em abril de 1987, renunciou definitivamente ao mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior após a retirada de confiança política por parte do PS. Em julho do mesmo ano, regressou a Campo Maior, sendo recebido em alvoroço pela população.

 Finalmente, em novembro de 1990, o Tribunal da Relação de Lisboa revogou o despacho de pronúncia da primeira instância, ilibando Rui Nabeiro e o filho dos crimes de que eram acusados.

 Em reconhecimento pelos seus serviços prestados, Rui Nabeiro foi condecorado com o grau de comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial, atribuído por Mário Soares em 9 de junho de 1995. Em 5 de janeiro de 2006, Jorge Sampaio também o distinguiu com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Já em 2022, foi agraciado com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência por Pinto Balsemão.

 Em 2002, a escritora Tereza Castro Ribeiro Reis escreveu a sua biografia, intitulada de O homem. Uma obra - a de Rui Nabeiro. 

 Faleceu dia 19 de março de 2023, aos 91 anos, no Hospital da Luz de Lisboa, vítima de uma doença.

Afonso da Costa

sábado, 18 de março de 2023

Abstenção em Portugal

 A abstenção nas eleições em Portugal tem vindo a aumentar, sendo um tema que preocupa tanto a classe política quanto a sociedade em geral.

 Nas últimas eleições presidenciais realizadas em 2021, a taxa de abstenção atingiu 60,5%, um recorde histórico no país. Neste caso, se a abstenção fosse um partido, teria ganho as eleições com maioria absoluta.  A taxa mais elevada de abstenção observa-se nas eleições europeias, sendo de quase 70%.



 As razões por detrás deste fenómeno são diversas. Uma das explicações mais comuns é a falta de interesse da população pela política, o que origina uma distância entre os eleitores e os partidos políticos. Muitas vezes, a sociedade não se sente representada pelos partidos e não acredita que as eleições irão trazer mudanças significativas nas suas vidas. Além disso, há uma grande parcela da população que acredita que o seu voto não faz diferença. Esse pensamento é influenciado pela constatação de que, várias vezes, os resultados eleitorais já são previsíveis antes mesmo da votação.  Por fim, há também a questão da logística das eleições. Muitas vezes, as seções eleitorais são mal organizadas e os eleitores têm de enfrentar filas enormes e grandes atrasos para votar, o que pode criar um desânimo geral e à desistência de votar.

 Para enfrentar este problema, é preciso que a sociedade e os políticos se unam para criarem soluções. É necessário criar mecanismos para aproximar os eleitores dos partidos, incentivando a participação ativa da sociedade na política.

 É também preciso investir em campanhas de esclarecimento e educação política, para que a população esteja mais bem informada sobre os candidatos e as suas propostas. É, também, fundamental que sejam criadas condições para que as eleições sejam mais acessíveis e menos burocráticas, de modo a incentivar a participação dos eleitores. É importante investir em infraestruturas e logística, garantindo que as seções eleitorais estejam bem organizadas e equipadas para atender os eleitores com agilidade e conforto.

Afonso da Costa

quarta-feira, 15 de março de 2023

3 em 4 famílias portuguesas têm dificuldades em pagar as contas

 De acordo com o Barómetro anual sobre a capacidade financeira das famílias da DECO Proteste, que analisou o ano de 2022, 74% das famílias portuguesas estão a enfrentar dificuldades financeiras. Dentro dessas, 8% estão a viver uma situação crítica, lutando para pagar as despesas essenciais, como mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação.

 Cada vez mais afetados pela inflação e pelo aumento dos preços, os portugueses estão a enfrentar maiores dificuldades para pagar as suas despesas. A maioria dos quase cinco mil participantes no inquérito afirma estar a passar por dificuldades financeiras (66%). Além disso, o número de famílias em situação crítica aumentou para 8%, o que representa um acréscimo de 2% em relação ao ano anterior. Apenas 26% dos agregados familiares afirmam estar numa situação financeira confortável, mas é importante salientar que conforto não significa necessariamente riqueza.

 Os gastos com carro são os que mais pesam no orçamento das famílias, com 67% dos agregados familiares inquiridos a relatar dificuldade em pagar os combustíveis, manutenção e seguros. A alimentação vem em segundo lugar, afetando 59% das famílias, especialmente na compra de carne, peixe e opções vegetarianas. Viagens e estadias (57%), cuidados dentários (55%) e manutenção da casa, com obras e remodelações (54%), são outras despesas que também causam dificuldades.


 O índice de capacidade financeira das famílias portuguesas em 2022 foi o mais baixo dos últimos cinco anos, com um valor de 42,1, avaliado numa escala de 1 a 100, onde quanto mais elevado melhor. Os Açores (37,2), Vila Real (38) e Aveiro (39,4) apresentaram os índices mais baixos, enquanto Coimbra (47,1), Madeira (45,1), Beja (43,5) e Lisboa (43,5) foram os distritos com maior disponibilidade.

 O custo do cabaz alimentar aumentou 20% entre fevereiro de 2023 e o seu período homólogo, passando de €185 para €222. Mercearia, carne, peixe, vegetais e frutas são os alimentos mais difíceis de pagar para os consumidores.

 A habitação reflete, também, um peso maior nos orçamentos familiares, e quase metade das famílias (44%) afirmaram ter dificuldades em pagar a renda ou o empréstimo.

 Todos estes fatores têm dificultado a capacidade das famílias em poupar dinheiro, com três quartos a dizer que é muito difícil ou até impossível.

Afonso da Costa

Quem é Rita Matias?

 Rita Matias é uma política portuguesa filiada no partido CHEGA, que atualmente exerce o cargo de deputada na Assembleia da República.

 Nascida em 1998, em Setúbal, Rita é filha de Manuel Matias, ex-responsável do Partido Cidadania e Democracia Cristã, que se fundiu com o CHEGA. Formou-se no ISCTE e obteve o seu mestrado em Relações Internacionais e Ciência Política.

 Envolveu-se na política pela primeira vez ao entrar na Juventude Popular. Depois, de se aperceber que não se identificava com as ideias do CDS-PP, inscreveu-se como militante no CHEGA. Mais tarde veio a ser convidada pelo líder do partido para entrar na direção. Tronou-se responsável por gerir as redes sociais de André Ventura e do próprio partido. Rita tornou-se membro do Conselho Nacional e, em 2021, concorreu às eleições legislativas pelo CHEGA, tendo vindo a consagrar-se, em 2022, a única deputada no hemiciclo por parte do CHEGA.

 Rita afirma ser antifeminista, conservadora e anticomunista. Defende que Portugal está infetado com ideais marxistas e que é bastante controlado pelo Estado. Rita quer quebrar a imagem que faz com que qualquer homem branco heterossexual seja um opressor.

Afonso da Costa

domingo, 12 de março de 2023

Kanye West afunda Adidas

 A Adidas anunciou esta terça-feira, através de um comunicado público, o término da parceria com Kanye West, devido aos comentários ofensivos e antissemitas que o cantor tem publicado nas redes sociais nas últimas semanas.

 A empresa revelou que já estava a ponderar o futuro da colaboração com o rapper desde outubro e que concluiu agora o processo de deliberação.

A Adidas estima que, ao não colocar o seu stock de produtos Yeezy à venda, perderá 1 milhar de milhão e trezentos milhões de dólares, o que equivale a 10% da receita anual da empresa.

 Esta decisão de terminar a parceria com Kanye, também conhecido como Ye, aconteceu depois da Adidas ter sido alvo da pressão pública para se dissociar do rapper, que já foi banido do Twitter e do Instagram devido a mesmos comentários desrespeitadores que violaram as políticas das empresas.

Afonso da Costa

quarta-feira, 8 de março de 2023

Nova Direita, o mais recente partido português

  Nasceu hoje, no Dia Internacional da Mulher, o partido Nova Direita, que pretende lutar pelos direitos das mulheres e renovar a direita política portuguesa.

 A líder do partido, Ossanda Liber, dirigiu-se ao Tribunal Constitucional para entregar as sete mil e seiscentas assinaturas necessárias para a criação de um partido. Ossanda quer substituir o CDS-PP e já adiantou que, se for preciso, colidir-se-á com o CHEGA.

 Anteriormente, Liber foi vice-presidente da Aliança e a sua candidata para as eleições legislativas de 2022. Também já se candidatou à Câmara de Lisboa.

 Este novo partido garante combater o socialismo, impulsionar a economia e reforçar o papel da mulher na sociedade. Preocupa-se, também, questões demográficas, comprometendo-se a apresentar propostas de políticas natalistas que rejuvenescerão Portugal.

 Como espectro político, afirma-se liberal, já que defende a iniciativa individual e o empreendedorismo.

 A Nova Direita tem as eleições europeias na mira, revelando que seria um bom começo para o partido e, mesmo que não consiga eleger nenhum deputado, já seria uma vitória.

Afonso da Costa

Caixa Geral de Depósitos assaltada na Lousã

 A agência da Caixa Geral de Depósitos da Lousã foi assaltada ao meio-dia de hoje.

 O assalto à mão armada decorreu hoje no centro da vila da Lousã. Há relatos de que estiveram
envolvidos dois homens, mas, até agora, apenas um assaltante está confirmado.

 Durante o assalto, o assaltante ficou preso dentro do banco, depois de uma funcionária ter trancado as portas, sendo, de seguida, ameaçada. Não há feridos nem mortos.

 Testemunhas referem que o criminoso tinha um sotaque brasileiro e que o mesmo não pretendia fazer mal a ninguém.

 A fuga foi feita a pé e o homem, que nem encapuzado estava, continua em foragido.

 Com a situação, outros bancos lousanenses estão a reforçar a sua segurança.

 A investigação está, agora, ao encargo da Polícia Judiciária. 

Afonso da Costa

segunda-feira, 6 de março de 2023

Quem é Carla Castro?

 Carla Castro é uma gestora, professora e política portuguese. Além de deputada da Iniciativa Liberal, é a Vice-Presidente do grupo parlamentar.

 Carla Maria Proença de Castro Charters de Azevedo nasceu em 1987 em Luanda, Angola. É licenciada em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), obtendo também o seu MBA. Doutorou-se no ISCTE em Comportamento do Consumidor.

 Antes de se dedicar à política, Carla Castro trabalhou como gestora no ramo de estratégia e marketing na área de seguros. Foi, também, professora durante treze anos na Universidade Lusófona de Lisboa e formadora na Academia Portuguesa de Seguros por doze anos.

 Em 2019, juntou-se à Iniciativa Liberal, convidada por Carlos Guimarães Pinto, que era o atual Presidente do partido. Decidiu deixar de exercer as profissões atrás enumeradas para se dedicar ao partido, desempenhando o papel de assessora do deputado João Cotrim de Figueiredo e criadora do Gabinete de Estudos.

 Nas eleições legislativas de 2022, Carla Castro foi eleita como deputada da Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Lisboa. Desde então, tem sido uma das vozes mais ativas da Iniciativa Liberal no parlamento.

 Em 2022, Carla Castro candidatou-se à liderança da Iniciativa Liberal, com o objetivo de renovar e reforçar o partido, tornando-o mais relevante na política portuguesa. Embora não tenha vencido as eleições internas, a sua candidatura foi vista como um sinal de renovação e dinamismo dentro do partido.

 Carla Castro tem sido elogiada pela sua capacidade de comunicação e pela sua defesa das liberdades individuais e económicas. Também é uma defensora dos direitos das mulheres e das minorias, tendo apresentado várias iniciativas legislativas neste sentido. 

Afonso da Costa

domingo, 5 de março de 2023

Quem é Mariana Mortágua?

 Mariana Mortágua é uma economista e política portuguesa, nascida em Alvito, uma freguesia de mil habitantes, em 1986. Ela é atualmente deputada do partido Bloco de Esquerda na Assembleia da República.

 Mariana Mortágua cresceu numa família com um forte histórico de envolvimento político, nomeadamente na luta contra a ditadura em Portugal. Filha de Camilo Mortágua e gémea da Joana Mortágua, Mariana estudou Economia no ISCTE e mais tarde obteve um mestrado no mesmo instituto. Durante os seus anos académicos, envolveu-se em movimentos estudantis e em organizações de esquerda, tornando-se uma voz ativa na luta contra a austeridade e as políticas neoliberais.

 Em 2013, Mariana Mortágua juntou-se ao Bloco de Esquerda (BE). No mesmo ano, tornou-se membro da Comissão Política Nacional do partido e coordenadora da Comissão de Orçamento e Finanças, assumindo um papel importante na formulação das políticas económicas do partido. Recentemente, anunciou a sua candidatura à liderança do Bloco.

 Mariana Mortágua é frequentemente chamada a comentar e debater questões económicas e políticas em diversos meios de comunicação social. Além da sua atividade política, Mariana Mortágua é autora de vários artigos e ensaios sobre economia e política e tem sido convidada a dar palestras e conferências em Portugal e no estrangeiro.

 Mariana Mortágua é considerada uma das figuras mais proeminentes da esquerda portuguesa e tem sido elogiada pelo seu compromisso e dedicação às causas sociais e políticas que defende.

Obras publicadas:

  • The Portuguese debt crisis: deconstructing myths in The Political Economy of Public Debt and Austerity in the EU (com Francisco Louçã);
  • A Dividadura - Portugal na Crise do Euro;
  • Isto é um assalto;
  • Temos de Pagar a Dívida? (com Miguel Cardina, N. Serra e José Soeiro);
  • Não acredite em tudo o que pensa. (com Francisco Louçã);
  • A Europa à Beira do Abismo (com Tony Phillips, Roberto Lavagna, Christina Laskaridis, Anzhela Knyazeva, Diana Knyazeva e Joseph Stiglitz);
  • Privataria: Quem ganha e quem perde com as privatizações em Portugal (com Jorge Costa);
  • No Sonho Selvagem do Alquimista.
Afonso da Costa

quinta-feira, 2 de março de 2023

Iniciativa Liberal propõe que privados comprem imóveis do Estado e que os arrendem a preço acessível

 Depois de o Tribunal de Contas ter revelado que o Estado possui 63 mil imóveis desocupados, o deputado Bernardo Blanco vem a público denunciar que nesses terrenos e prédios vazios poderiam morar muitas pessoas. Afirma também que o PS quer construir 26 mil casas até 2026, agora que as matérias-primas batem custos recorde. "Isto faz sentido quando o Estado tem milhares de casas vazias? Não! É um desperdício de dinheiro.".

 A IL propõe colocá-los no mercado, para que possam ser adquiridos por privados que, por sua vez, os coloquem a arrendar, tendo, num período de cinco anos, uma renda acessível. Se o comprador quiser habitar no espaço, não o terá de colocar no mercado.

 Este programa, designado "fénix", visa criar "oferta de habitação a curto prazo", garante Rui Rocha. "A Iniciativa Liberal vem propor uma solução que permitiria um aumento da oferta e que incidiria na disponibilização, por parte do Estado, do seu vasto património imobiliário público devoluto à iniciativa privada e/ou social para a criação de oferta de habitação a curto prazo", expõem os liberais. "O comprador terá de reabilitar o imóvel e disponibilizá-lo para rendas acessíveis durante cinco anos ou destiná-lo a habitação própria e permanente".

Afonso da Costa