quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O futuro da IA

 A tecnologia desempenha um papel cada vez mais proeminente nas nossas vidas. Desde a revolução industrial até a era digital, a tecnologia tem transformado a forma como vivemos, trabalhamos e comunicamos. Hoje, a tecnologia permeia quase todos os aspetos do nosso quotidiano.

 Por um lado, a IA oferece uma automação eficiente de tarefas repetitivas, aumentando a produtividade, é precisa e eficiente, proporciona personalização de experiências, como recomendações de restaurantes com a análise dos nossos dados, e avanços notáveis na medicina, melhorando diagnósticos e tratamentos. 

 No entanto, à medida que a tecnologia se torna mais omnipresente, também surge a necessidade de reflexão crítica. Questões sobre possibilidade de desemprego tecnológico, falta de transparência nalgumas decisões de IA, ameaças à privacidade de dados, segurança cibernética e o impacto da automação na sociedade são apenas alguns dos muitos desafios que enfrentaremos. A necessidade de regulamentação e ética na inovação tecnológica torna-se cada vez mais premente.

 Visto isto, compilei alguns dos problemas filosóficos que mais me preocupam.

 A tecnologia já nos capacita a manipular o código genético, prometendo corrigir defeitos hereditários e, potencialmente, aprimorar características. No entanto, até que ponto devemos ir? A modificação genética para melhorar habilidades físicas ou intelectuais levanta questões sobre a igualdade e a autenticidade da experiência humana.

À medida que a tecnologia se torna mais presente nos nossos corpos, por exemplo, através de próteses avançadas ou implantes neurais, surge a questão: onde termina o ser humano e onde começa a tecnologia? A que ponto devemos permitir esta fusão?

 A criação de sistemas de IA mais avançados desafiar-nos-á a redefinir o que entendemos como consciência e inteligência. Se uma IA exibe comportamentos complexos e autonomia, tal como um ser humano, devemos de lhe atribuir algum tipo de essência ou subjetividade? Devemos de lhe dar direitos? Devemos de a incluir na sociedade?

Afonso da Costa

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Centro de Documentação 25 de Abril

 O Centro de Documentação 25 de Abril, que pertence à Universidade de Coimbra, recolhe, recupera, organiza e expõe documentos relacionados não só com a Revolução dos Cravos, mas com toda a segunda metade do século vinte português, tais como revistas, cartazes, panfletos, cartas, recortes de imprensa, registros audiovisuais e iconográficos, autocolantes e crachás.

 Fundado em 1984, a pedido de um grupo de alunos e professores universitários ligados à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, na sequência da constatação de que muitos documentos alusivos ao Estado Novo e ao período da Revolução estavam a ser comprados por organismos estrangeiros, tornou-se num dos mais importantes arquivos nacionais sobre história portuguesa do século XX.

 Mais do que um mero arquivo, o Centro de Documentação 25 de Abril é um espaço de preservação da memória e da herança democrática lusitana. Está sempre disposto a acolher estudantes, investigadores e o público em geral, convidando-os a mergulhar nas páginas da história portuguesa.

 Para além de ser um espaço de investigação, o Centro promove uma série de iniciativas, como conferências, exposições e debates, que contribuem para informar e imergir a população nos acontecimentos de abril de 1974 e no contexto histórico-económico em que ocorreram.

Afonso da Costa

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Operações financeiras

Leasing

 O leasing é um acordo financeiro onde uma parte, conhecida como "locador", permite que outra parte, o "locatário", utilize um ativo (como um veículo, equipamento ou propriedade) por um período de tempo específico, em troca de pagamentos periódicos. O locador mantém a propriedade do ativo, mas o locatário adquire o direito de utilizá-lo pelo período acordado.

Franchising

 O franchising é um modelo de negócio em que uma empresa concede a uma outra o direito de operar um negócio usando a marca, produtos e métodos de operação já estabelecidos.

 O detentor da marca fornece o know-how, isto é, fornece os seus conhecimentos, fornece produtos e suporte, podendo exigir a decoração do espaço e receber uma percentagem das vendas.

 Mesmo tendo de se pagar, é vantajosa a associação a grandes marcas, pois o nome destas já possui boa reputação e sucesso.

Factoring

 Denomina-se factoring quando uma empresa cede créditos comerciais a uma instituição financeira que lhe adiantará parte do pagamento da dívida da empresa cliente, ficando assim responsável por cobrar, posteriormente, a mesma.

 Esta prática é especialmente útil para empresas que necessitam de liquidez imediata para financiar as suas operações, pagar fornecedores ou investir e que não podem esperar pelo tempo normal de pagamento.

Dumping

 Dumping é uma prática comercial em que uma empresa vende produtos ou serviços a preços abaixo do custo de produção ou do preço de mercado no país de origem, com o objetivo de ganhar vantagem competitiva e prejudicar os concorrentes locais.

 Esta prática pode ocorrer quando uma empresa tem capacidade de produção, demasiada oferta ou quando deseja ganhar uma participação de mercado significativa em um curto período de tempo. O dumping pode ter efeitos negativos na indústria local, levando à redução de preços, diminuição dos lucros e, em casos extremos, à falência de empresas concorrentes.

 O dumping não é uma prática legítima e é vista como uma violação das regras comerciais internacionais, pois distorce a competição justa no mercado global. Para o combater, diversos países têm leis e regulamentos.

Dumping social

 O dumping social refere-se a uma prática em que as empresas procuram obter uma vantagem competitiva ao reduzir os custos associados à mão-de-obra, muitas vezes em detrimento dos direitos e condições de trabalho dos seus funcionários. Isto pode envolver o pagamento de salários abaixo do padrão estabelecido, a violação de regulamentos de segurança e saúde no trabalho ou a falta de benefícios adequados.

 Este ocorre em países pouco desenvolvidos, onde os governos incentivam este método para atrair empresas e criar riqueza, sacrificando o bem-estar dos trabalhadores. Países como a China, Tailândia, Vietname, Laos, Cuba, Venezuela, entre outros, são ótimos exemplos.

Sociedade Corretora

 Uma sociedade corretora é uma empresa que atua como intermediária nos mercados financeiros, facilitando a compra e venda de valores mobiliários (como ações, títulos e outros instrumentos financeiros) em nome de investidores. Estas sociedades desempenham um papel importante na operação dos mercados de capitais.

Capital de risco

 O capital de risco é um tipo de financiamento fornecido por investidores a startups e empresas em incubação que têm um alto potencial de crescimento. Estes investidores injetam capital na empresa em troca de uma participação acionária.

 O capital de risco é comumente utilizado nos setores de tecnologia e inovação, onde as empresas necessitam de investimentos substanciais para pesquisa, desenvolvimento e expansão. Na maior parte das vezes, os investidores estão cientes de que há um risco significativo associado a empresas em estágios iniciais, mas estão dispostos a arriscar, porque, se a empresa for bem-sucedida, os retornos são bastante elevados.

Afonso da Costa

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Investimento direto do exterior em Portugal

 O Investimento Direto do Exterior ou Estrangeiro (IDE) dá-se quando uma empresa multinacional ou uma pessoa singular de um país investe nos ativos de outro país ou assume uma participação no capital das suas empresas. Normalmente, assume a forma ao adquirir uma participação numa empresa existente no país estrangeiro ou de criar uma filial para expandir a exploração de uma empresa existente desse país.

 O IDE potencia o desenvolvimento do tecido empresarial das economias recetoras, através da transferência de tecnologia, a criação de emprego, promoção do comércio internacional e acesso a mercados financeiros. Para as entidades investidoras pode proporcionar acesso mais próximo a matérias-primas, ao mercado do produto, ou a fator trabalho mais barato.

 O Investimento Direto Estrangeiro tem evoluído ao longo dos tempos. Portugal, em 2022 teve 248 projetos de IDE anunciados, o que traduz um crescimento de 24% face aos 200 do ano anterior. Com estes projetos, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) tem um valor registado de 2,4 mil milhões de euros em investimentos estrangeiros. Assim, Portugal subiu para a sexta posição dos países europeus com mais projetos de Investimento Direto do Exterior, além de ter sido o segundo país da Europa que mais cresceu em número de projetos, segundo a EY European Attractiveness Surrey 2023.

 As vantagens que podemos destacar do Investimento Direto do Exterior são: contribui para o aumento da produção; permite a criação de emprego nos países recetores; e pode acelerar o seu crescimento económico. Também há a transmissão de tecnologia entre países, que pode levar a obtenção de ganhos na produtividade ao introduzir novas formas de gestão e organização de trabalho.

 O Investimento Direto do Exterior assinala a excessiva dependência da economia em relação a este tipo de investimento, tornando-a vulnerável às exigências destes investidores. Muitas vezes, os lucros são investidos noutros países, não permitindo a continuidade do projeto ou limitando a sua expansão.

 Em 2021, com base no Banco de Portugal, a Espanha foi o país que mais investiu diretamente em Portugal. Portugal também foi o maior investidor, ou seja, empresas subsidiárias, portuguesas, fora do país que investem no próprio país. Na seguintes posições estão a França com o Reino-Unido atrás e, por fim, a China.

Maria Rita Santos

quarta-feira, 31 de maio de 2023

A arte dos tapetes de flores em Ceira dos Vales

 Em Ceira dos Vales, uma pequena localidade pitoresca pertencente à Lousã, os habitantes têm uma tradição que floresce a cada ano: tecer tapetes de flores para celebrar a procissão das velas em honra da Nossa Senhora de Fátima. É um hábito que se renova e enche de cor e perfume as ruas da comunidade, dando as boas-vindas a esta importante manifestação de fé.

 A preparação para este evento especial começa muito antes da procissão. Depois de uma árdua semana de preparativos, cada morador, com amor e dedicação, embeleza a área ao redor da sua casa, assim como as casas dos seus familiares, com uma miríade de deslumbrantes flores. É um espetáculo de criatividade e união, onde as habilidades artísticas e o amor pela Natureza se encontram.

 Os tapetes de flores são compostos por uma variedade de espécies florais, cuidadosamente selecionadas para criar composições visuais ricas. Rosas vibrantes, margaridas delicadas e outras flores típicas da região são colhidas com carinho e dispostas em desenhos intricados que cobrem as ruas da aldeia. Cada pétala é um pincel de cor que transforma a estrada numa verdadeira obra de arte efémera.

 A tradição dos tapetes de flores em Ceira dos Vales transcende a mera estética. É uma forma de expressão cultural, devoção religiosa e união comunitária. Os moradores dedicam horas preciosas para a preparação, trabalhando em conjunto para criar algo verdadeiramente especial. A cooperação e a partilha de conhecimentos entre gerações são fundamentais para garantir a preservação desta arte ancestral.

 Quando a procissão das velas finalmente chega, as ruas transformam-se num caminho de cores e aromas que guiam os fiéis na sua jornada espiritual. Cada passo é acompanhado por uma explosão de fragrâncias e um espetáculo visual ímpar. É uma experiência sensorial única, onde a fé se entrelaça com a beleza da Natureza, que deixa uma marca indelével nos corações daqueles que participam.

 A tradição dos tapetes de flores de Ceira dos Vales é um testemunho vivo da união entre arte, fé e comunidade. Esta fascinante manifestação cultural e religiosa resplandece ao longo da procissão das velas enquanto envolve os participantes numa atmosfera de beleza e espiritualidade. É um exemplo de como um lugar tão diminuto pode possuir um encanto tão profundo.

Afonso da Costa

Utilização dos rendimentos: poupança e consumo

 A utilização dos rendimentos define-se como a forma que as famílias repartem o seu rendimento disponível, em consumo ou poupança. O consumo é uma atividade económica que se pode definir pela aquisição de bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades duma família. Uma parte significativa do rendimento das famílias vai ser usada para o consumo.

 São exemplos de fatores que influenciam o consumo o preço dos bens, o rendimento dos consumidores, a inovação tecnológica, a moda, a tradição e a publicidade.

 A poupança corresponde à parte do rendimento disponível das famílias que não é gasto em despesas de consumo. As famílias preocupam-se com a possibilidade de ocorrerem imprevistos, tais como: doença, gastos futuros, desemprego,… por isso deixam algum dinheiro de lado todos os meses para estarem preparadas caso alguma coisa aconteça.

 Poupança = Rendimento disponível - Despesas de consumo

 Alguns dos fatores que influencia a poupança são o rendimento, os preços, a estrutura etária e a inflação.

 O consumo e a poupança variam numa razão inversa, já que, quando o consumo aumenta, a poupança diminui e, quando a poupança aumenta, o consumo diminui. São conceitos que estão inteiramente interligados.

 O consumo é um fator que depende do rendimento. Existe a tendência de aumentar o consumo quando o rendimento aumenta, já que o salário nominal é maior.

Maria Ana Rodrigues

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Paradoxo da poupança

 A questão do paradoxo da poupança proporciona interessante debates sobre os efeitos da poupança na economia de um país. Tradicionalmente, a poupança é vista como uma prática positiva e responsável, mas o paradoxo da poupança destaca um aspeto contraditório deste conceito.

 Segundo o renomado economista John Maynard Keynes, o aumento da poupança por parte dos indivíduos pode levar a uma diminuição na procura agregada, o que, por sua vez, pode resultar numa redução da atividade económica. Esse fenómeno ocorre devido à ligação entre o rendimento dos indivíduos e os gastos em bens e serviços. Quando as pessoas decidem poupar mais, a procura agregada diminui, o que pode levar a uma redução na produção e no emprego.

 O paradoxo da poupança tem implicações significativas para a economia de um país. Se todos os indivíduos reduzem os seus gastos e aumentam as suas taxas de poupança, diminuindo o consumo, as empresas sofrem uma queda na procura dos seus produtos e serviços, resultando em lucros muito mais baixos. Isto causará demissões, reduzirá os investimentos e afetará substancialmente o PIB. Se as famílias continuarem a poupar, irá formar-se um ciclo vicioso.

 É importante destacar que a poupança desempenha um papel fundamental na economia. É necessária para financiar investimentos, incentivar a acumulação de capital e garantir a estabilidade financeira. No entanto, é necessário encontrar um equilíbrio adequado entre poupança e o consumo, para evitar os efeitos negativos do excesso de poupança.

Afonso da Costa

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Salário indexado à taxa de inflação

 Quando as pessoas experienciam grandes variações da inflação, elas dinamizam-se e tomam medidas para se protegerem contra a acentuada subida ou descida dos preços. Uma destas medidas é a indexação dos salários à taxa de inflação, ajustando o valor do mesmo, automaticamente, à evolução da inflação.

 Recorre-se a esta medida porque, se ocorrer um agravamento da inflação e o salário nominal permanecer igual, o salário real vai diminuir, visto que o valor da moeda desvalorizou, diminuindo consigo o poder de compra.

 Acontece que, se o contrato de trabalho incluir uma cláusula de indexação, o salário nominal vai variar na mesma proporção da inflação, mantendo o poder de compra constante.

Afonso da Costa

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Variação da taxa de crescimento do PIB "per capita" de Portugal

 A taxa de variação do PIB per capita de Portugal tem vindo a diminuir desde a década de 70.

 Se visualizarmos o crescimento médio anual per capita da economia portuguesa de cada década (1920-2020), é possível verificar que o novo milénio está destacado pela negativa. O século XX, principalmente a segunda metade, impulsionou a economia portuguesa, visto que Portugal aderiu à AECL e à CEE. Nestes cem anos, verifica-se o apogeu na década de 60, tendo o PIB crescido em média 6%. Desde então, a taxa de crescimento tem vindo a diminuir, fixando-se em 0,1% na última década (valor influenciado pela pandemia; 0,9% de 2010-2019). Estes valores demonstram uma enorme estagnação na economia portuguesa.

Afonso da Costa


domingo, 14 de maio de 2023

Arredamento coercivo: justo ou injusto?

Afonso da Costa 15/05/2023

 A problemática da habitação é uma das principais preocupações das sociedades modernas, especialmente nas grandes cidades onde o acesso a alojamento pode ser escasso e dispendioso. Em Portugal, o Governo tem adotado medidas para fazer frente a este problema, incluindo a imposição do arrendamento obrigatório de imóveis devolutos, medida que será implementada brevemente. Contudo, esta ação tem suscitado debates acalorados e controversos, levantando questões acerca do papel do Estado na propriedade privada e a efetividade da medida em si. Neste ensaio, irei analisar esta questão do ponto de vista filosófico e jurídico, procurando avaliar até que ponto o Estado pode interferir na propriedade privada sem violar os direitos dos cidadãos.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Curva de Lorenz e índice/coeficiente de Gini

 A desigualdade social é uma questão complexa e relevante em qualquer sociedade. Para avaliar e mensurar essa desigualdade, dois indicadores são frequentemente utilizados: a curva de Lorenz e o Índice de Gini.

 Apadrinhada de curva de Lorenz, já que foi criada pelo economista  é um gráfico que representa a distribuição acumulada da renda ou riqueza em uma determinada população. Relaciona a percentagem acumulada da população de um determinado país (eixo das abcissas) com a percentagem acumulada do rendimento que recebe (eixo das ordenadas). Se a curva coincide com a reta de equidistribuição, significa que a distribuição dos rendimentos é perfeitamente igualitária. No entanto, quanto mais afastada está a curva da reta, maior é a desigualdade na distribuição dos rendimentos.

  Ordenando os agregados familiares dos mais pobres para os mais ricos, se a 10% da população correspondesse 10% da receita, se a 20% da população correspondesse 20% da receita, e por daí a diante, então o rendimento estaria equitativamente distribuído.


Gráfico - "Desigualdade económica em Portugal", da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

 O coeficiente ou índice de Gini é um indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que procura sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição. Este assume valores entre 0 ou 0% (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 1 ou 100% (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo).

 Gráfico - Pordata.

 Afonso da Costa

terça-feira, 9 de maio de 2023

Será democrático proibir partidos antidemocrático?

Afonso da Costa 09/05/2023

 O populismo e os extremismos são duas das maiores ameaças às democracias. Em Portugal, existem partidos de extrema-esquerda e direita antidemocráticos. Com isto surge a questão: “Será democrático proibir partidos antidemocrático?”.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

IVA Zero: sucesso ou fracasso?

 

 Passaram-se duas semanas desde a entrada em vigor da medida que isentaria quarenta e quatros bens essenciais de IVA. Fomos para o terreno e analisámos os preços antes e depois da proposta do Governo, com o intuito de verificar se os produtos estão, realmente, mais baratos.

domingo, 16 de abril de 2023

CanSat Portugal

 O CanSat Portugal é um programa educativo que visa promover o interesse dos jovens pela ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O programa é organizado pela Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space), com o apoio de várias instituições parceiras.

 O objetivo do CanSat Portugal é proporcionar aos estudantes do ensino secundário uma experiência prática na construção e lançamento de um pequeno satélite (CanSat), que contém sensores e sistemas de comunicação para recolher e transmitir dados. Esta atividade permite aos jovens adquirir competências técnicas e científicas, além de fomentar a criatividade e o trabalho em equipa.

 Os participantes são desafiados a projetar e construir o seu próprio CanSat, tendo em conta as especificações técnicas e as limitações impostas pelo regulamento do programa. Depois de concluído, o CanSat é lançado por um foguetão de sondagem a uma altitude de cerca de 1 km, onde começa a recolher e transmitir dados em tempo real.

 Além da construção e lançamento do CanSat, os estudantes participam em várias atividades de formação, como workshops e palestras, que os ajudam a aprofundar os seus conhecimentos em STEM. Os participantes também têm a oportunidade de interagir com profissionais e empresas do setor aeroespacial, o que pode abrir portas para futuras carreiras nesta área.

 O CanSat Portugal é uma iniciativa que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos em Portugal, sendo considerado um dos programas educativos mais interessantes e desafiadores para os jovens. Através desta iniciativa, a Agência Espacial Portuguesa pretende estimular a curiosidade e a paixão dos jovens pela ciência e tecnologia, bem como contribuir para o desenvolvimento de novas competências e talentos nesta área.

sábado, 8 de abril de 2023

Bolsonaro e Salvini virão a Portugal a convite do CHEGA

 O líder do CHEGA, André Ventura, anunciou que o antigo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o vice primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, estarão em Lisboa para participar num evento organizado pelo partido que decorrerá a 13 e 14 de maio.

 Bolsonaro e Salvini foram convidados pelo líder do CHEGA, tendo já confirmado as suas presenças, para participar num comício que visa discutir temas como segurança, soberania e imigração, com vários dirigentes da direita europeia, que marcará "Lisboa como um dos novos centros da direita mais forte da Europa e uma das referências mundiais da luta contra o socialismo", revelou André Ventura. Este evento também servirá como um lançamento oficial da campanha do Chega para as próximas eleições legislativas.

 Também foi convidada a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que André Ventura gostava muito que participasse, e Santiago Abascal, do VOX.

 A Iniciativa Liberal foi o primeiro partido a reagir, acusando o CHEGA de extremista e antiliberal, expondo, utilizando o Instagram, que o partido de Salvini assinou um acordo com o partido de Putin a 16 de março de 2017 e que Bolsonaro, quando visitou a Rússia, garantiu a Putin que "Somos solidários com a Rússia", no dia 16 de fevereiro de 2022.

 Abaixo está o vídeo onde André Ventura anuncia o evento.

Afonso da Costa

quarta-feira, 29 de março de 2023

Portugal e as "cunhas"

 Um estudo da Transparency International revelou que Portugal é o segundo país da UE onde mais se recorre a "cunhas" e trocas de favores pessoais no acesso a serviços públicos.

 Apesar de medir corrupção ser uma tarefa bastante difícil, foi feito um estudo onde se mediu a percentagem de pessoas que recorreram a "cunhas" e "favores pessoais" para facilitar o acesso a serviços públicos no último ano, onde Portugal ficou na segunda pior posição, com 48%. O pior país foi a Chéquia, com 57%. A média da UE é de 33%. Já nas melhores posições temos a Estónia (12%), a Eslovénia (18%) e a Finlândia (19%).


Afonso da Costa

Os jovens e a economia

 O papel da economia na vida dos jovens é um tema de grande importância nos dias de hoje. Embora seja um campo complexo e multifacetado, é vital compreender o seu papel no futuro das gerações mais jovens. A economia influencia diversos aspetos da vida dos jovens, desde a empregabilidade e o acesso à educação, até a sua capacidade de adquirir bens e serviços essenciais. Por isso, é fundamental analisar de que forma a economia pode ser utilizada para melhorar as oportunidades e o bem-estar dos jovens.

 Os jovens são a força motriz do futuro. Eles representam uma fonte inesgotável de energia e inovação, com ideias frescas e uma abordagem diferente das gerações anteriores. No entanto, em muitos países, a juventude enfrenta uma economia instável e em constante mudança, com altas taxas de desemprego, precariedade laboral e poucas oportunidades de progresso.

  A Fundação Francisco Manuel dos Santos realizou um estudo sobre este tema, onde mostra quem são os jovens portugueses, o que sentem, o que pensam e que hábitos têm. Foram inquiridos 2,2 milhões de jovens entre 15 e 34 anos e obteve números muito interessantes; resultados esses que dividi por categorias.

Empregabilidade:

  •  77% dos jovens querem ir para o universidade ter melhores empregos e melhores salários. Muitos não vão, ou por questões monetárias ou porque preferem trabalhar;
  • 30% dos jovens recebem entre 601 a 767 euros por mês, apenas 5% recebe entre 1159 a 1375 euros e 3% deles recebe mais de 1642 euros;
  • 49 % dos jovens têm contrato efetivo, 24% a termo certo, 12% a termo incerto e 15% têm outros;

Hegemonia:

  • 57% dos jovens vive com os pais, 29% com companheiro, 9% com outros e 5% deles vivem sozinhos.
Razões que levam os jovens a permanecer em casa dos pais:
  • 58% por instabilidade económica;
  • 10% sentem-se bem;
  • 7% cuidam do pai e da mãe;
  • 6% estão à espera de uma companhia estável;
  • 6% por instabilidade económica do companheiro.

Hábitos dos jovens:

  • 16% dos jovens têm filhos;
  • 4% dos jovens não têm amigos;
  • 96% variam entre 1 a 6 amigos;
  • 74% bebem álcool;
  • 24% fumam tabaco;
  • 14% usam drogas;
  • 23% já pensaram em suicidar-se;
  • 87% dos jovens têm posição politica.

 Em outros estudos, pode-se constatar que a maioria dos jovens que saem de Portugal, já que estavam desempregados ou num subemprego, emprega-se na área que realmente estudou e consegue um muito melhor salário. Somos o país da União Europeia com mais emigrantes, em relação população residente. De 2001 a 2011 a emigração qualificada aumentou 88%. Dos jovens que emigraram, 52% não pretende voltar, claramente porque conseguem ter uma vida mais estável nos país que foram habitar.

 Com a saída dos jovens para o estrangeiro, Portugal perde o investimento que fez na formação dos jovens e, claro, o que iria recuperar com eles ao longo da sua vida ativa, com os seus impostos. A saída destes 146 mil jovens causou 8,8 mil milhões de euros de prejuízo (10 anos do investimento público feito por universidades e institutos politécnicos). O capital humano vai ser oferecido aos países que os recebem a custo 0, ou seja, sem terem investido nada na pessoa em questão.

Afonso Amaro

terça-feira, 28 de março de 2023

Conheça os 44 produtos isentos de IVA

 Foi anunciada ontem por António Costa a lista dos produtos com IVA de 0%. Neste cabaz estão presentes 44 bens, considerados essenciais, cuja isenção entrará em vigor no mês de abril.

 Ei-la:

  1. Cereais, derivados e tubérculos:


    • Pão;
    • Batata;
    • Massa;
    • Arroz.

  2. Frutas:

    • Maçã;
    • Banana;
    • Laranja;
    • Pera;
    • Melão.

  3. Laticínios:

    • Leite de vaca;
    • Iogurtes;
    • Queijo.

  4. Gorduras e óleos:

    • Azeite;
    • Óleos vegetais;
    • Manteiga.

  5. Leguminosas:

    • Feijão vermelho;
    • Feijão frade;
    • Grão-de-bico;
    • Ervilhas.

  6. Carne, peixe e ovos:

    • Carne de porco;
    • Frango;
    • Carne de peru;
    • Carne de vaca;
    • Bacalhau;
    • Sardinha;
    • Pescada;
    • Carapau;
    • Dourada;
    • Cavala;
    • Conserva de atum;
    • Ovos de galinha.

  7. Hortícolas:

    • Cebola;
    • Tomate;
    • Couve-flor;
    • Alface;
    • Brócolos;
    • Cenoura;
    • Curgete;
    • Alho francês;
    • Abóbora;
    • Grelos;
    • Couve portuguesa;
    • Espinafres;
    • Nabo.
Afonso da Costa

quinta-feira, 23 de março de 2023

Reduflação, o fenómeno que está a afetar Portugal

 Já lhe ocorreu a ideia de que o chocolate em pó que habitualmente utiliza em casa para preparar o seu leite quente parece estar a acabar mais rapidamente? Esta suspeita poderá não ser apenas uma mera impressão sua. Algumas marcas reduziram mesmo a quantidade de produto nas suas embalagens, fazendo com que o consumidor pague o mesmo, ou até mais caro, por uma menor quantidade de produto. Embora esta prática não se enquadre no conceito de fraude, é necessário que a mesma seja claramente comunicada aos consumidores.

 Esta tendência é conhecida como "reduflação", um processo que ocorre quando os produtos diminuem em tamanho ou quantidade, mas o seu preço permanece inalterado ou até mesmo aumenta. Este fenómeno é uma consequência do aumento geral dos preços dos bens, causado por diversos fatores, como a perda do poder de compra da moeda e a redução do poder de compra dos consumidores. Desde 23 de fevereiro de 2022 até 1 de março de 2023, o preço de um cabaz de bens alimentares essenciais já aumentou mais de 46 euros (cerca de 25%). Em relação a alguns produtos alimentares, o aumento de preços ultrapassou já os 100% durante o mesmo período, o que evidencia claramente uma subida na taxa de inflação nos últimos meses. Em fevereiro de 2022, a inflação em Portugal chegou mesmo aos 8,2%, segundo o INE.

 Os consumidores têm sido, como em todas a crises, os primeiros a sentir o impacto das mudanças do preço na carteira. Contudo, nem sempre é fácil identificar o aumento generalizado de preços, que pode ser ainda mais significativo do que o que é visível para os consumidores. Algumas marcas estão a reduzir o tamanho das suas embalagens e a cobrar o mesmo, ou até mais, por uma menor quantidade de produto. Nos últimos tempos têm surgido muitos exemplos desta prática no comércio em Portugal.


 Um dos exemplos foi o da Planta, creme para barrar. A 1 de março de 2022, ainda com uma embalagem de 450 gramas, este produto custava 3,19 euros nas lojas Auchan, Continente e Minipreço. No Pingo Doce estava à venda por 2,39 euros.


 A 1 de novembro de 2022, a embalagem tinha já menos 50 gramas e estava mais cara. Nas lojas Auchan, Continente e Minipreço, uma embalagem de Planta Original Creme para Barrar de 400 gramas custava 3,49 euros, o que se traduz numa subida real de 23,2% face a 1 de março de 2022. No Pingo Doce, a 1 de novembro, o preço estava em 2,79 euros, o que, na realidade, corresponde a 31,38% de aumento em relação a 1 de março do mesmo ano. 


 O Nesquik Achocolatado em pó é outro exemplo. Este produto tinha, a 1 de março de 2022, uma embalagem de 400 gramas que custava 2,29 euros nas lojas Continente, Minipreço e Pingo Doce. Na loja Auchan este produto era vendido, nesta data, por 3,09 euros.

 A 1 de novembro de 2022, porém, as embalagens de Nesquik Achocolatado em pó já tinham 390 gramas, ou seja, menos 10 gramas do que anteriormente, e estavam mais caras. No início de novembro de 2022, nas lojas Auchan e Continente, este produto estava à venda por 3,29 euros. No Minipreço 2,74 euros e no Pingo Doce 2,29 euros. Na prática, estes preços representam uma subida de 2,62% no Pingo Doce, de 9,06% no Auchan, de 22,71% no Minipreço e de 47,16% no Continente, em comparação com os preços praticados a 1 de março de 2022.

Imagens: DECO

Joana Quatorze

quarta-feira, 22 de março de 2023

Ações, obrigações e títulos de participação

 No artigo anterior, que trata o financiamento, é possível observar que os produtos cotados na bolsa são ações, obrigações, títulos de participação e outros.

 Ações

 As ações correspondem a títulos de propriedade representativos do capital social das sociedades anónimas, podendo ser emitidos aquando da sua constituição ou posteriormente, quando realizam um aumento do seu capital. O titular de ações torna-se proprietários de uma parte do capital da empresa.

Obrigações

 As obrigações são títulos de crédito a longo prazo representativos de um empréstimo a uma empresa. O detentor tem o direito a receber uma remuneração estabelecida no início do contrato, assim como o reembolso da totalidade do empréstimo que concedeu, no prazo definido no contrato.

Títulos de participação

 Os títulos de participação são valores mobiliários, tendencialmente perpétuos, que conferem o direito a uma remuneração com duas componentes: uma fixa e outra variável. Tanto a remuneração fixa como a variável são determinadas sobre uma percentagem do valor nominal do título de participação.

Henrique Santos

terça-feira, 21 de março de 2023

Financiamento

 Os agentes económicos, para realizarem investimentos, necessitam de recursos financeiros. A poupança das empresas ou do Estado pode funcionar como um recurso financeiro. Quando o agente económico tem uma poupança superior ao montante do investimento, tratando-se de capacidade de financiamento. Porém, quando os investimentos são superiores ao valor das suas poupanças existe a necessidade de financiamento. O financiamento pode ser interno ou externo.

Financiamento interno

 Quando os agentes económicos têm capacidade de financiamento e decidem investir utilizando fundos próprios ocorre um financiamento interno, podendo também chamar-se também de autofinanciamento.

Financiamento externo

 Ocorre quando o agente económico recorre a recursos alheios para aplicar na atividade económica. Existem diferentes tipos de recursos alheios. O financiamento externo pode ser indireto ou direto.

Financiamento externo indireto

 Os agentes económicos, que necessitam de obter recursos financeiro recorrem a intermediários financeiros, como por exemplo, os bancos (crédito bancário). Estas instituições recolhem os recursos entre os agentes que têm excedentes, através dos depósitos, e concedem empréstimos aos que deles necessitam, ou seja, concedem crédito às famílias, às empresas e ao Estado. Pela concessão desses créditos, cobram-se juros de acordo com o risco de investimento e com o número de anos de utilização do empréstimo e a taxa de juros.

Taxas de juro e uso do crédito

Taxas de juro baixas - Desincentivam a poupança, havendo uma tendência para aumentar o consumo das famílias, com recurso ao crédito, e para aumentar o investimento pelas empresas;

Taxas de juro elevadas - Incentivam a poupança, havendo geralmente uma redução no consumo, a crédito, das famílias e no investimento dos restantes agentes económicos;

Uso do crédito pelas famílias - As famílias, geralmente, recorrem ao crédito para aquisição de bens de consumo – crédito ao consumo;

Uso do crédito pelas empresas - As empresas contraem créditos para manter, ampliar ou modernizar a sua capacidade de produção – crédito à produção.

Financiamento externo direto

 O mercado de títulos é onde se transacionam valores mobiliários, ou seja, documentos ou títulos que confirmam que o seu proprietário é titular de um direito, representando um certo valor sobre uma entidade pública ou privada. Uma das suas principais funções é possibilitar que as empresas ou outras emissoras de valores mobiliários captem recursos diretamente do público investidor em condições mais vantajosas do que as oferecidas pelos empréstimos e financiamentos bancários. O mercado de títulos integra mercados mais especializados, nomeadamente, o mercado primário e o mercado secundário.

Mercado primário

 No mercado primário, são transacionados os títulos que iniciam a sua circulação, isto é, títulos que vão ser negociados pela primeira vez. Constitui uma forma de financiamento externo direto, visto que as empresas obtêm-nos sem recurso a intermediários ou a meios financeiros para investirem nas suas atividades.

Mercado secundário

 No mercado secundário, são transacionados os títulos após a sua emissão. Os investidores negoceiam e trocam entre si os valores mobiliários emitidos pelas empresas, sem qualquer participação das empresas nessas trocas, dando assim liquidez aos títulos emitidos no mercado primário.

Bolsa de Valores

 Em Portugal, o mercado secundário corresponde atualmente à Bolsa de Valores de Lisboa. A bolsa de valores é o lugar de encontro dos proprietários de títulos já emitidos e dos investidores que desejam adquirir esses títulos, ou seja, é aí que se irá efetuar o encontro entre a procura e a oferta de valores mobiliários. A cotação dos títulos, ou seja  (preço) varia de acordo com a oferta e a procura. As oscilações das cotações dos diferentes produtos financeiros podem ser quantificadas através de um índice. Estes produtos cotados em bolsa são vários, como, ações, obrigações, títulos de participação, entre outros.

Henrique Santos

domingo, 19 de março de 2023

O que é o IRS?

 O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) é um imposto aplicável tanto ao rendimento de cidadãos residentes em Portugal como aos não residentes que obtêm rendimento no país.

 A taxa de imposto a ser aplicada depende do rendimento auferido, considerando o escalão a que pertence e as deduções previstas por lei, como as despesas de saúde ou educação.

 Antes de se entregar a declaração de IRS, as pessoas têm de se certificar que todas as informações relativamente à sua realidade atual estão corretamente comunicadas no site da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), a entidade responsável pelas finanças e pelo processamento do IRS. Isto aplica-se especialmente à comunicação da sua morada fiscal, o endereço considerado como a sua residência oficial. Ter a morada fiscal atualizada é não só obrigatória por lei, como muito importante: para obter benefícios fiscais (por exemplo, a isenção de Imposto Municipal Sobre Imóveis) e evitar possíveis penalizações (isto são multas que podem chegar a 375 euros).

 Residentes fiscais são aqueles que estão a pensar viver ou trabalhar em Portugal. Estes têm de permanecer mais de 183 dias, seguidos ou não, num período de 12 meses com início ou fim no ano em que pede a morada fiscal e ter uma habitação (própria ou arrendada), bem como de intenção atual de a manter e ocupar como residência habitual.

 Por norma, a declaração é entregue online no Portal das Finanças (AT), entre abril e junho, mas, se precisar de ajuda, pode ir a um Espaço Cidadão, balcão das Finanças ou a uma Junta de Freguesia que dê apoio.

Eduardo Almeida

Morreu Rui Nabeiro

Faleceu hoje o empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro, aos 91 anos, vitima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa.

 Condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique em 2006, o antigo fundador da Delta Cafés teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de Campo Maior.

 "É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés", lê-se no comunicado do Grupo Nabeiro. 

 Nabeiro encontrava-se hospitalizado devido a problemas respiratórios. E foi assim, hospitalizado, que acabou por falecer, no Hospital da Luz, em Lisboa, já com os seus 91 anos completados.

 Pode ler a sua biografia aqui.

Imagem: Wikipédia

Afonso da Costa

Quem é Rui Nabeiro?

 Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em Campo Maior, Portugal, em 1931, e faleceu hoje, 19 de março de 2023. Ele é conhecido por ser o fundador da Delta Cafés, uma das maiores empresas portuguesas de café.

 Rui nasceu no seio de uma família humilde. Começou a mostrar-se empreendedor ao ir trabalhar na mercearia da mãe. Aos 12 anos, ia ajudar o pai e os tios a torrar café. começou a trabalhar na fábrica de torrefação de café do seu tio. Após a morte do seu pai, assumiu a direção da Torrefacção Camelo, Lda..

 Em 1961, já com 30 anos, fundou a Delta Cafés, cujos produtos rapidamente se espalharam por todo o país. Rui Nabeiro fundou a Novadelta em 1982 e, em 1984, criou a maior fábrica de torrefação da Península Ibérica. O Grupo Nabeiro - Delta Cafés surgiu em 1988 e, atualmente, possui mais de vinte empresas, que abrangem áreas como a alimentação, imobiliário, agricultura, turismo, educação,...

 O comendador Rui Nabeiro sempre defendeu a qualidade do produto e a importância de uma boa relação com os produtores de café. A empresa tem investido fortemente em tecnologia e inovação, sendo uma das primeiras empresas portuguesas a apostar na produção de cápsulas de café.

 Para além da Delta Cafés, Rui Nabeiro também tem sido um importante mecenas da cultura e do desporto em Portugal, apoiando várias iniciativas nas áreas da música, teatro e desporto.

 Rui teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de Campo Maior, tronando-o uma zona atrativa. Foi, antes do 25 de Abril, duas vezes nomeado presidente da Câmara da região, tendo apenas governado um ano. Em 1977, foi eleito democraticamente, mais uma vez presidente da Câmara Municipal de Campo Maior pelo Partido Socialista, onde exerceu o cargo até 1986, ano em que fugiu para Espanha após ser acusado pelo Ministério Público de fraude fiscal e associação criminosa.

 No ano de 1981, as autoridades aduaneiras detetaram que a empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Lda., pertencente a Rui Nabeiro que, na época era presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e do Sporting Clube Campomaiorense, não havia efetuado o pagamento da taxa de importação relativa a um lote de café importado dos Países Baixos destinado à Delta Cafés, no valor de 510 mil contos (2,55 milhões de euros). O caso foi levado a julgamento em abril de 1982 e, em 1984, o despachante contratado pela empresa foi condenado a cinco anos de prisão. A empresa de Rui Nabeiro alegou que não poderia ser responsabilizada pelos atos do despachante, mas o tribunal considerou que não se encontrava isenta de responsabilidade, pois o dinheiro em falta não havia sido pago ao Estado. A empresa recorreu da sentença, mas o tribunal de segunda instância condenou-a ao pagamento de 500 mil contos (2,5 milhões de euros) ao Estado. A empresa recorreu novamente para o Supremo Tribunal Administrativo em dezembro de 1984.

 Em 1986, Rui Nabeiro e o seu filho João tinham mandados de captura emitidos pela Polícia Judiciária, após a descoberta de cheques em nome do despachante, que estava a cumprir pena de prisão, indicando a existência de cumplicidade entre os três. Rui Nabeiro foi acusado de fraude fiscal no valor superior a 516 mil contos e os três foram pronunciados pelos crimes de fraude fiscal e associação criminosa. Rui Nabeiro suspendeu o mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e fugiu para Badajoz em abril de 1986, onde só poderia ser detido caso Portugal solicitasse a sua extradição a Espanha. Rui Nabeiro aguardou julgamento em liberdade provisória sob caução. Em abril de 1987, renunciou definitivamente ao mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior após a retirada de confiança política por parte do PS. Em julho do mesmo ano, regressou a Campo Maior, sendo recebido em alvoroço pela população.

 Finalmente, em novembro de 1990, o Tribunal da Relação de Lisboa revogou o despacho de pronúncia da primeira instância, ilibando Rui Nabeiro e o filho dos crimes de que eram acusados.

 Em reconhecimento pelos seus serviços prestados, Rui Nabeiro foi condecorado com o grau de comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial, atribuído por Mário Soares em 9 de junho de 1995. Em 5 de janeiro de 2006, Jorge Sampaio também o distinguiu com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Já em 2022, foi agraciado com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência por Pinto Balsemão.

 Em 2002, a escritora Tereza Castro Ribeiro Reis escreveu a sua biografia, intitulada de O homem. Uma obra - a de Rui Nabeiro. 

 Faleceu dia 19 de março de 2023, aos 91 anos, no Hospital da Luz de Lisboa, vítima de uma doença.

Afonso da Costa

sábado, 18 de março de 2023

Abstenção em Portugal

 A abstenção nas eleições em Portugal tem vindo a aumentar, sendo um tema que preocupa tanto a classe política quanto a sociedade em geral.

 Nas últimas eleições presidenciais realizadas em 2021, a taxa de abstenção atingiu 60,5%, um recorde histórico no país. Neste caso, se a abstenção fosse um partido, teria ganho as eleições com maioria absoluta.  A taxa mais elevada de abstenção observa-se nas eleições europeias, sendo de quase 70%.



 As razões por detrás deste fenómeno são diversas. Uma das explicações mais comuns é a falta de interesse da população pela política, o que origina uma distância entre os eleitores e os partidos políticos. Muitas vezes, a sociedade não se sente representada pelos partidos e não acredita que as eleições irão trazer mudanças significativas nas suas vidas. Além disso, há uma grande parcela da população que acredita que o seu voto não faz diferença. Esse pensamento é influenciado pela constatação de que, várias vezes, os resultados eleitorais já são previsíveis antes mesmo da votação.  Por fim, há também a questão da logística das eleições. Muitas vezes, as seções eleitorais são mal organizadas e os eleitores têm de enfrentar filas enormes e grandes atrasos para votar, o que pode criar um desânimo geral e à desistência de votar.

 Para enfrentar este problema, é preciso que a sociedade e os políticos se unam para criarem soluções. É necessário criar mecanismos para aproximar os eleitores dos partidos, incentivando a participação ativa da sociedade na política.

 É também preciso investir em campanhas de esclarecimento e educação política, para que a população esteja mais bem informada sobre os candidatos e as suas propostas. É, também, fundamental que sejam criadas condições para que as eleições sejam mais acessíveis e menos burocráticas, de modo a incentivar a participação dos eleitores. É importante investir em infraestruturas e logística, garantindo que as seções eleitorais estejam bem organizadas e equipadas para atender os eleitores com agilidade e conforto.

Afonso da Costa

quarta-feira, 15 de março de 2023

3 em 4 famílias portuguesas têm dificuldades em pagar as contas

 De acordo com o Barómetro anual sobre a capacidade financeira das famílias da DECO Proteste, que analisou o ano de 2022, 74% das famílias portuguesas estão a enfrentar dificuldades financeiras. Dentro dessas, 8% estão a viver uma situação crítica, lutando para pagar as despesas essenciais, como mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação.

 Cada vez mais afetados pela inflação e pelo aumento dos preços, os portugueses estão a enfrentar maiores dificuldades para pagar as suas despesas. A maioria dos quase cinco mil participantes no inquérito afirma estar a passar por dificuldades financeiras (66%). Além disso, o número de famílias em situação crítica aumentou para 8%, o que representa um acréscimo de 2% em relação ao ano anterior. Apenas 26% dos agregados familiares afirmam estar numa situação financeira confortável, mas é importante salientar que conforto não significa necessariamente riqueza.

 Os gastos com carro são os que mais pesam no orçamento das famílias, com 67% dos agregados familiares inquiridos a relatar dificuldade em pagar os combustíveis, manutenção e seguros. A alimentação vem em segundo lugar, afetando 59% das famílias, especialmente na compra de carne, peixe e opções vegetarianas. Viagens e estadias (57%), cuidados dentários (55%) e manutenção da casa, com obras e remodelações (54%), são outras despesas que também causam dificuldades.


 O índice de capacidade financeira das famílias portuguesas em 2022 foi o mais baixo dos últimos cinco anos, com um valor de 42,1, avaliado numa escala de 1 a 100, onde quanto mais elevado melhor. Os Açores (37,2), Vila Real (38) e Aveiro (39,4) apresentaram os índices mais baixos, enquanto Coimbra (47,1), Madeira (45,1), Beja (43,5) e Lisboa (43,5) foram os distritos com maior disponibilidade.

 O custo do cabaz alimentar aumentou 20% entre fevereiro de 2023 e o seu período homólogo, passando de €185 para €222. Mercearia, carne, peixe, vegetais e frutas são os alimentos mais difíceis de pagar para os consumidores.

 A habitação reflete, também, um peso maior nos orçamentos familiares, e quase metade das famílias (44%) afirmaram ter dificuldades em pagar a renda ou o empréstimo.

 Todos estes fatores têm dificultado a capacidade das famílias em poupar dinheiro, com três quartos a dizer que é muito difícil ou até impossível.

Afonso da Costa

Quem é Rita Matias?

 Rita Matias é uma política portuguesa filiada no partido CHEGA, que atualmente exerce o cargo de deputada na Assembleia da República.

 Nascida em 1998, em Setúbal, Rita é filha de Manuel Matias, ex-responsável do Partido Cidadania e Democracia Cristã, que se fundiu com o CHEGA. Formou-se no ISCTE e obteve o seu mestrado em Relações Internacionais e Ciência Política.

 Envolveu-se na política pela primeira vez ao entrar na Juventude Popular. Depois, de se aperceber que não se identificava com as ideias do CDS-PP, inscreveu-se como militante no CHEGA. Mais tarde veio a ser convidada pelo líder do partido para entrar na direção. Tronou-se responsável por gerir as redes sociais de André Ventura e do próprio partido. Rita tornou-se membro do Conselho Nacional e, em 2021, concorreu às eleições legislativas pelo CHEGA, tendo vindo a consagrar-se, em 2022, a única deputada no hemiciclo por parte do CHEGA.

 Rita afirma ser antifeminista, conservadora e anticomunista. Defende que Portugal está infetado com ideais marxistas e que é bastante controlado pelo Estado. Rita quer quebrar a imagem que faz com que qualquer homem branco heterossexual seja um opressor.

Afonso da Costa

domingo, 12 de março de 2023

Kanye West afunda Adidas

 A Adidas anunciou esta terça-feira, através de um comunicado público, o término da parceria com Kanye West, devido aos comentários ofensivos e antissemitas que o cantor tem publicado nas redes sociais nas últimas semanas.

 A empresa revelou que já estava a ponderar o futuro da colaboração com o rapper desde outubro e que concluiu agora o processo de deliberação.

A Adidas estima que, ao não colocar o seu stock de produtos Yeezy à venda, perderá 1 milhar de milhão e trezentos milhões de dólares, o que equivale a 10% da receita anual da empresa.

 Esta decisão de terminar a parceria com Kanye, também conhecido como Ye, aconteceu depois da Adidas ter sido alvo da pressão pública para se dissociar do rapper, que já foi banido do Twitter e do Instagram devido a mesmos comentários desrespeitadores que violaram as políticas das empresas.

Afonso da Costa

quarta-feira, 8 de março de 2023

Nova Direita, o mais recente partido português

  Nasceu hoje, no Dia Internacional da Mulher, o partido Nova Direita, que pretende lutar pelos direitos das mulheres e renovar a direita política portuguesa.

 A líder do partido, Ossanda Liber, dirigiu-se ao Tribunal Constitucional para entregar as sete mil e seiscentas assinaturas necessárias para a criação de um partido. Ossanda quer substituir o CDS-PP e já adiantou que, se for preciso, colidir-se-á com o CHEGA.

 Anteriormente, Liber foi vice-presidente da Aliança e a sua candidata para as eleições legislativas de 2022. Também já se candidatou à Câmara de Lisboa.

 Este novo partido garante combater o socialismo, impulsionar a economia e reforçar o papel da mulher na sociedade. Preocupa-se, também, questões demográficas, comprometendo-se a apresentar propostas de políticas natalistas que rejuvenescerão Portugal.

 Como espectro político, afirma-se liberal, já que defende a iniciativa individual e o empreendedorismo.

 A Nova Direita tem as eleições europeias na mira, revelando que seria um bom começo para o partido e, mesmo que não consiga eleger nenhum deputado, já seria uma vitória.

Afonso da Costa