Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em Campo Maior, Portugal, em 1931, e faleceu hoje, 19 de março de 2023. Ele é conhecido por ser o fundador da Delta Cafés, uma das maiores empresas portuguesas de café.
Rui nasceu no seio de uma família humilde. Começou a mostrar-se empreendedor ao ir trabalhar na mercearia da mãe. Aos 12 anos, ia ajudar o pai e os tios a torrar café. começou a trabalhar na fábrica de torrefação de café do seu tio. Após a morte do seu pai, assumiu a direção da Torrefacção Camelo, Lda..
Em 1961, já com 30 anos, fundou a Delta Cafés, cujos produtos rapidamente se espalharam por todo o país. Rui Nabeiro fundou a Novadelta em 1982 e, em 1984, criou a maior fábrica de torrefação da Península Ibérica. O Grupo Nabeiro - Delta Cafés surgiu em 1988 e, atualmente, possui mais de vinte empresas, que abrangem áreas como a alimentação, imobiliário, agricultura, turismo, educação,...
O comendador Rui Nabeiro sempre defendeu a qualidade do produto e a importância de uma boa relação com os produtores de café. A empresa tem investido fortemente em tecnologia e inovação, sendo uma das primeiras empresas portuguesas a apostar na produção de cápsulas de café.
Para além da Delta Cafés, Rui Nabeiro também tem sido um importante mecenas da cultura e do desporto em Portugal, apoiando várias iniciativas nas áreas da música, teatro e desporto.
Rui teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de Campo Maior, tronando-o uma zona atrativa. Foi, antes do 25 de Abril, duas vezes nomeado presidente da Câmara da região, tendo apenas governado um ano. Em 1977, foi eleito democraticamente, mais uma vez presidente da Câmara Municipal de Campo Maior pelo Partido Socialista, onde exerceu o cargo até 1986, ano em que fugiu para Espanha após ser acusado pelo Ministério Público de fraude fiscal e associação criminosa.
No ano de 1981, as autoridades aduaneiras detetaram que a empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Lda., pertencente a Rui Nabeiro que, na época era presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e do Sporting Clube Campomaiorense, não havia efetuado o pagamento da taxa de importação relativa a um lote de café importado dos Países Baixos destinado à Delta Cafés, no valor de 510 mil contos (2,55 milhões de euros). O caso foi levado a julgamento em abril de 1982 e, em 1984, o despachante contratado pela empresa foi condenado a cinco anos de prisão. A empresa de Rui Nabeiro alegou que não poderia ser responsabilizada pelos atos do despachante, mas o tribunal considerou que não se encontrava isenta de responsabilidade, pois o dinheiro em falta não havia sido pago ao Estado. A empresa recorreu da sentença, mas o tribunal de segunda instância condenou-a ao pagamento de 500 mil contos (2,5 milhões de euros) ao Estado. A empresa recorreu novamente para o Supremo Tribunal Administrativo em dezembro de 1984.
Em 1986, Rui Nabeiro e o seu filho João tinham mandados de captura emitidos pela Polícia Judiciária, após a descoberta de cheques em nome do despachante, que estava a cumprir pena de prisão, indicando a existência de cumplicidade entre os três. Rui Nabeiro foi acusado de fraude fiscal no valor superior a 516 mil contos e os três foram pronunciados pelos crimes de fraude fiscal e associação criminosa. Rui Nabeiro suspendeu o mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior e fugiu para Badajoz em abril de 1986, onde só poderia ser detido caso Portugal solicitasse a sua extradição a Espanha. Rui Nabeiro aguardou julgamento em liberdade provisória sob caução. Em abril de 1987, renunciou definitivamente ao mandato de presidente da Câmara Municipal de Campo Maior após a retirada de confiança política por parte do PS. Em julho do mesmo ano, regressou a Campo Maior, sendo recebido em alvoroço pela população.
Finalmente, em novembro de 1990, o Tribunal da Relação de Lisboa revogou o despacho de pronúncia da primeira instância, ilibando Rui Nabeiro e o filho dos crimes de que eram acusados.
Em reconhecimento pelos seus serviços prestados, Rui Nabeiro foi condecorado com o grau de comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial, atribuído por Mário Soares em 9 de junho de 1995. Em 5 de janeiro de 2006, Jorge Sampaio também o distinguiu com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Já em 2022, foi agraciado com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência por Pinto Balsemão.
Em 2002, a escritora Tereza Castro Ribeiro Reis escreveu a sua biografia, intitulada de O homem. Uma obra - a de Rui Nabeiro.
Faleceu dia 19 de março de 2023, aos 91 anos, no Hospital da Luz de Lisboa, vítima de uma doença.
Afonso da Costa